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  • Foto do escritorRubia Konstantyni

Aulas de Invencionice

Quero compartilhar, hoje, por aqui, experiências vividas no ano de 2021, no âmbito da educação.


Um segundo ano de pandemia se deu e fez-se urgente desvendar jeitos de trabalhar, partindo das habilidades que eu apalpava e de algum sentido em meio ao caos em que estávamos imersos. Vale um parênteses aqui, em 2020 iniciei o ano sem vínculos com instituições de ensino, estava em um movimento de reestabelecer os contratos pontuais, de apresentações artísticas, oficinas e formações, com o propósito de ter mais liberdade criativa e ativa. Nem é preciso dizer o quanto “as calças ficaram curtas” em mim, com todo o ocorrido mundial.


Bom, voltando ao 2021, respirei fundo e pensei: posso oferecer acompanhamento pedagógico online, pois sei que está complicado, para as famílias, o contexto dentro de casa/aprendizagem/conteúdo escolar/prazer. Eu, que nunca me imaginei por de trás de telas. Porém, não me sentia confortável em propor mais tempo diante de uma delas, aos discentes, somente para abordar dificuldades curriculares, expostas pelos responsáveis. Foi então que veio a ideia de juntar as aptidões que me são e a proposta foi “Aulas de Invencionice”.


A partir de uma longa conversa com os responsáveis e com a criança, eu me empenhava em perceber as faltas, os gostos, os desejos, as potências, as fragilidades e assim, tecíamos juntos as possibilidades inventivas. Como os encontros eram síncronos, e demandava cuidado amplo na escuta e na feitura, priorizei as cinco primeiras famílias que confiaram na proposta. Firmamos parceria e os resultados foram gratas surpresas. Montamos livros com textos e desenhos autorais, escrevemos letra de música, fizemos leituras em voz alta das histórias preferidas, registramos palavras novas no “diário das descobertas”, compartilhamos visitas em museus virtuais para inspirar, defendemos nossos gostos musicais e artísticos, apresentamos nossas preferencias cibernéticas, elaboramos um jornal e criamos jogos diferenciados com o uso das palavras.


Posso afirmar que desvendei universos, nestas trocas: o mundo dos dinossauros, cantores e grupos musicais de cantos do mundo, campeonatos mundiais de futebol e outros esportes (eu não sei quase nada sobre o universo esportivo), curiosidades sobre a culinária chilena. Posso, também, afirmar que nem tudo foi fluido, como toda ação propositiva tiveram encontros desafiadores e tensos, onde o melhor que consegui, na condução, foi acolher o nada insistente do dia. Sabe aquela sensação de “espedaçou-se”? Até os barulhinhos dos caquinhos eu ouvia dentro do peito.


Mas, de tudo, foi a essencial escolha para os meus dias. Me fez viva, com o pulsar do que desejo em salas de aula, sejam elas virtuais ou físicas. Me trouxe um aprofundar sincero no ato de educar e ser educada.


Ainda não decidi se continuarei com este projeto, se fará parte da caminhada daqui para adiante. Porque sinto necessidade de olhar com distância para os atravessamentos deste período. Mas, com certeza, já faz parte da minha história, com afetos e resiliência.


Ah, se alguém desejar compartilhar com a gente os percalços destes 2020, 2021 e 2022, estamos de ouvidos abertos. É sempre bom trocar acontecimentos marcantes.


Abraços,


Rubia Konstantyni

Di Péis Coletivo

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